COMPORTAMENTO NO CENTRO CIRÚRGICO E SALAS DE CIRURGIA
Os alunos e veterinários devem comportar-se adequadamente em
ambiente cirúrgico estando preparados
para o trabalho em equipe; conhecendo as funções e responsabilidades de cada
elemento da equipe. Devem identificar e manusear os instrumentos cirúrgicos básicos
adequadamente, seguindo algumas regras de comportamento:
- A equipe deve permanecer dentro da área estéril e a movimentação dentro da sala deve ser mínima
- Pouca conversa
- Pessoas não paramentadas não devem se debruçar sobre os campos
- Tomar o máximo cuidado para não encostar nos campos esterilizados ou mesa de instrumentação ou nos membros da equipe cirúrgica
- Se a esterilidade for questionada, deve-se considerar o equipamento contaminado
- O avental é considerado estéril do tórax até logo abaixo do cotovelo
- Material estéril dentro de pacote rasgado ou molhado é considerado contaminado
- As mãos não devem ficar na região axilar
- Se um objeto estéril toca a borda do pacote durante a abertura , deve ser considerado contaminado
A EQUIPE CIRÚRGICA
A equipe cirúrgica ideal é composta pelo cirurgião,
auxiliar, instrumentador, anestesista e um volante. O cirurgião e seus
auxiliares, sempre que possível, devem colocar-se na melhor posição para o
desempenho de suas funções. A colocação da equipe em torno do paciente pode
variar de acordo com o tipo de cirurgia, mas a distribuição mais adotada é a
seguinte:
- o cirurgião coloca-se à direita do animal (em relação à cabeça deste).
- o auxiliar se posiciona em frente ao cirurgião,
- à esquerda do auxiliar fica o instrumentador.
- anestesista e o volante ficam junto à cabeça do animal
- O cirurgião deve chefiar a equipe cirúrgica, mantendo a disciplina e a ordem na equipe. São deveres do cirurgião de comum acordo com o anestesista escolher o melhor tipo de anestesia; comandar a anti-sepsia e colocação dos panos de campo; escolher o tipo de acesso cirúrgico; utilizando a técnica mais adequada para realização dos diversos tempos e manobras operatórias.
- São atribuições do auxiliar: colocar o paciente na posição adequada na mesa; realizar a anti-sepsia da pele do paciente e a colocação dos campos estéreis; verificar o instrumental que será utilizado na cirurgia; afastar as estruturas anatômicas para permitir a apresentação de um bom campo operatório, cortar os fios de sutura. Durante a cirurgia, por solicitação do cirurgião ou se houver algum problema e o cirurgião ficar impedido de continuar a cirurgia, o auxiliar assume a função do mesmo e, o instrumentador auxilia e instrumenta simultaneamente.
- O instrumentador é responsável pela mesa de instrumental e deve ser o primeiro integrante da equipe a entrar na sala de cirurgia e preparar a mesa. Deve ordenar os instrumentos segundo a padronização adotada na instituição, conhecendo o nome de cada instrumento. Deve providenciar todo material a ser utilizado, incluindo fios, drenos, gazes; ficar em uma posição adequada para ver o campo operatório e acompanhar a cirurgia com atenção para entregar os instrumentos na mão do cirurgião, com ou sem solicitação do mesmo. Deve ainda solicitar materiais a serem consumidos durante a cirurgia, inclusive soro e seringas para lavagem da cavidade. Ao receber o material das mãos do cirurgião deve limpar o mesmo, conferindo tudo ao final da cirurgia. Caso necessário também auxilia na cirurgia.
LAVAGEM CIRÚRGICA DAS
MÃOS
A lavagem das mãos e antebraços e anti-sepsia das mesmas
deverá ser realizada antes da paramentação cirúrgica. Este preparo
realizado é um procedimento para limpeza
das mãos e antebraços que visa
reduzir o número de bactérias que entram em contato com a ferida
cirúrgica, remoção mecânica da
sujeira e gordura redução da população
transitória (bactérias que se originam
do meio ambiente, ) redução da população residente ( bactérias isoladas
da pele).
As bactérias das mãos e antebraços são erradicadas
mecanicamente pelo uso de escovas e fricção com agentes anti-sépticos. Os
microorganismos são afetados pelo tempo empregado na lavagem, pelo tipo de
agente utilizado e pela técnica utilizada na lavagem das mãos, e o ideal é que
o efeito residual permaneça por 02 a 06 horas.
O tempo ideal de lavagem das mãos e antebraços é de 5 a 7 minutos. Caso haja ferimentos ou qualquer
lesão da pele, estes devem ser cobertos por curativos após a lavagem das mãos e
antes de colocar as luvas. A escovação
visa remover microrganismos e sujidades de locais de difícil acesso como as
unhas. Deve-se restringir a estas, pelo risco de causar lesões de pele que
favoreçam a proliferação microbiana, principalmente se as cerdas da escova
forem rígidas. Existem produtos comerciais próprios para este uso, compostos
por uma escova de cerdas macias e esponja embebida no produto antisséptico.
Existem dois métodos para realização da lavagem, o métodos anatômico por tempo (5 a 7 minutos) e o método de contagem (número de vezes que
cada local é esfregado)
TÉCNICA PARA
ANTISSEPSIA DOS ANTEBRAÇOS, MÃOS E UNHAS
Posicionar-se à frente do lavabo, sem tocá-lo, e acionar a
torneira através do pedal;
- Umedecer as mãos e antebraços com fluxo desejado de água corrente.
- Ensaboamento prévio e abundante de mãos e antebraços com sabão antisséptico. A seguir, escolher um dos métodos
- Método anatômico: Iniciar a escovação anotando mentalmente a hora do início; ensaboar as unhas e cada lado dos dedos e costas e frente das mãos por dois minutos. Iniciar a lavagem dos antebraços mantendo as mãos em um nível mais elevado que os antebraços; esfregue cada lado dos antebraços até a altura dos cotovelos por umminuto. O tempo total de lavagem é de 5 minutos por mão e antebraço.
- Método de contagem: esfregue (com a escova de unhas) 30 vezes as unhas. A seguir divida cada dedo em 4 superfícies e esfregue 20 vezes cada uma delas, com a esponja. Esfregue a seguir a palma e o dorso das mãos, 20 vezes cada. Divida os antebraços em 4 planos e esfregue 20 vezes cada um deles.
COLOCAÇÃO DO AVENTAL CIRÚRGICO
- Após o término da secagem das mãos, posicionar-se à frente da bancada contendo o pacote aberto com o avental.
- Retire o avental do pacote , afaste-se da mesa e desdobre-o para identificar a abertura das mangas.
- Coloque as mãos no interior das aberturas e a seguir passe os braços dentro das mangas.
- Mantenhas as mãos dentro dos punhos das mangas (para colocação das luvas com a técnica fechada)
- Um assistente deve ajustar o avental nos ombros e amarrar as tiras do pescoço e cintura.
- Manter as mãos cobertas pelos punhos do avental; mantendo a abertura do punho firmemente fechada; com a mão direita sob o avental, pegue a luva com a mão esquerda (também sob o pano do avental) e coloque a luva na mão direita, sobre o pano do punho; vire o punho da luva sobre o avental e puxe a manga do avental lentamente até que a luva se encaixe sobre os dedos. Faça o mesmo com a outra luva.
VEJA ABAIXO A TÉCNICA FECHADA DE COLOCAÇÃO DE LUVAS
ERROS MAIS COMUNS
Não retirar anéis e relógios, não colocar gorro e máscara
antes de realizar lavagem das mãos, após colocação das luvas tocar em pessoas,
móveis e objetos não estéreis
PREPARAÇÃO DO PACIENTE
A flora microbiana endógena é uma das fontes mais comuns de
infecção da ferida cirúrgica, pois a pele é colonizada por vários tipos de
bactérias, tais como Staphylococcus, Escherichia e Streptococcus. A eliminação da exposição à
flora residente é extremamente importante durante a cirurgia, porém é
impossível esterilizar a pele. A preparação adequada do paciente reduz bastante
a incidência de infecção. Nas cirurgias eletivas é importante a indicação de um banho
com sabonete antisséptico previamente à realização da cirurgia.
Nesses e nos demais casos, deve-se realizar a tricotomia
ampla da região a ser operada, imediatamente antes da realização da cirurgia. A
tricotomia deve ser idealmente realizada com máquina de tosa com lâmina 40,
pois quando realizada com lâmina de barbear pode causar inflamação, aumentando
o risco de colonização bacteriana. A área de tricotomia deve ainda
permitir incisões adicionais. A área de tricotomia
deve ser ampla o suficiente caso
a incisão tenha que ser ampliada durante o período trans
operatório, permitir a
colocação de drenos, prevenir
contaminação se os panos de campo moverem-se durante a cirurgia.
ANTISSEPSIA PRÉVIA NA SALA DE PREPARO - realiza-se a limpeza da região com clorexidina ou PVPI degermante, com o objetivo de retirar gorduras, debris e sujidades, e reduzir a população bacteriana.
Nos cães machos nos quais será realizada cirurgia abdominal,
deve-se realizar ainda a lavagem no interior do prepúcio com os mesmos produtos
citados acima.
O animal será levado para a sala de cirurgia e então posicionado corretamente
na mesa, de acordo com o procedimento cirúrgico que será realizado.
O auxiliar deve então realizar a antissepsia CIRÚRGICA da
pele. É realizada com gaze estéril e pinça de antissepsia, indo do centro para
a periferia da área a ser operada. A gaze, após tocar a periferia da lesão não
deve retornar para o centro. Inicia-se a antissepsia com álcool 70º , duas a três vezes, a seguir
utiliza-se o clorexidina alcoólica, cinco a seis vezes, terminando a
antissepsia com álcool 70º uma vez para
retirar o excesso de clorexidina. Após este procedimento, passar gazes secas
até que a pele esteja seca. A
seguir realizar a colocação dos panos de campo para isolamento do campo
operatório, conforme a região a ser operada. O objetivo da colocação dos panos
é manter o campo estéril ao redor da incisão cirúrgica. Os panos de campo
esterilizados devem ser colocados de forma padronizada. A delimitação do campo
operatório varia conforme a região a ser operada.
Os panos devem ser de material e tamanho adequado para que
cubram o paciente e as bordas da mesa. Existem campos descartáveis e campos
confeccionados em medidas pré-determinadas, em formato retangular com fenestras
(campo fenestrado) ou campos maiores que são colocados pelo cirurgião
delimitando a área a ser operada.
Esta delimitação é realizada através da colocação de quatro
campos pelo cirurgião, um a um em sentido horário ou anti-horário. Cada pano é
desdobrado cuidadosamente sem tocar em nada e deve ser colocado no local exato
da pele, não podendo ser posteriormente reposicionado para ajustar a área
delimitada, para evitar contaminação. Após desdobrar cada campo, uma faixa de
15 cm deve ser dobrada para cima ou para baixo.
- A dobra para cima permite a colocação das mãos na aba protegendo as mãos do cirurgião durante a colocação dos panos.
- A dobra para baixo exige um cuidado maior durante a colocação
Os campos seguintes são colocados em ângulo de 90º em
relação ao anterior, e ao final são presos com pinça Backaus
A seguir são colocados panos de campo acessórios ou
compressas cirúrgicas, para reduzir a possibilidade de contaminação.
ASSISTA AO VÍDEO ABAIXO DE ANTISSEPSIA E PARAMENTAÇÃO DE TODA A EQUIPE