domingo, 8 de novembro de 2015

PREPARAÇÃO DA EQUIPE CIRÚRGICA




COMPORTAMENTO NO CENTRO CIRÚRGICO E SALAS DE CIRURGIA
Os alunos e veterinários devem comportar-se adequadamente em ambiente cirúrgico estando  preparados para o trabalho em equipe; conhecendo as funções e responsabilidades de cada elemento da equipe. Devem identificar e manusear os instrumentos cirúrgicos básicos adequadamente, seguindo algumas regras de comportamento:
  • A equipe deve permanecer dentro da área estéril e a movimentação dentro da sala deve ser mínima
  • Pouca conversa
  • Pessoas não paramentadas não devem se debruçar sobre os campos
  • Tomar o máximo cuidado para não encostar nos campos esterilizados ou mesa de instrumentação ou nos membros da equipe cirúrgica
  • Se a esterilidade for questionada, deve-se considerar o equipamento contaminado
  • O avental é considerado estéril do tórax até logo abaixo do cotovelo
  • Material estéril dentro de pacote rasgado ou molhado é considerado contaminado
  • As mãos não devem ficar na região axilar
  • Se um objeto estéril toca a borda do pacote durante a abertura , deve ser considerado contaminado
 A EQUIPE CIRÚRGICA
A equipe cirúrgica ideal é composta pelo cirurgião, auxiliar, instrumentador, anestesista e um volante. O cirurgião e seus auxiliares, sempre que possível, devem colocar-se na melhor posição para o desempenho de suas funções. A colocação da equipe em torno do paciente pode variar de acordo com o tipo de cirurgia, mas a distribuição mais adotada é a seguinte:
  • o cirurgião coloca-se à direita do animal (em relação à cabeça deste).
  • o auxiliar se posiciona em frente ao cirurgião,
  • à esquerda do auxiliar fica o instrumentador.
  • anestesista e o volante  ficam junto à cabeça do animal
  •  O cirurgião deve chefiar a equipe cirúrgica, mantendo a disciplina e a ordem na equipe. São deveres do cirurgião de comum acordo com o anestesista escolher o melhor tipo de anestesia; comandar a anti-sepsia e colocação dos panos de campo; escolher o tipo de acesso cirúrgico; utilizando a técnica mais adequada para realização dos diversos tempos e manobras operatórias.  
  •  São atribuições do auxiliar: colocar o paciente na posição adequada na mesa; realizar a anti-sepsia da pele do paciente e a colocação dos campos estéreis; verificar o instrumental que será utilizado na cirurgia; afastar as estruturas anatômicas para permitir a apresentação de um bom campo operatório, cortar os fios de sutura. Durante a cirurgia, por solicitação do cirurgião ou se houver algum problema e o cirurgião ficar impedido de continuar a cirurgia, o auxiliar assume a função do mesmo e, o instrumentador auxilia e instrumenta simultaneamente.   
  •  O instrumentador é responsável pela mesa de instrumental e deve ser o primeiro integrante da equipe a entrar na sala de cirurgia e preparar a mesa. Deve ordenar os instrumentos segundo a padronização adotada na instituição, conhecendo o nome de cada instrumento. Deve providenciar todo material a ser utilizado, incluindo fios, drenos, gazes; ficar em uma posição adequada para ver o campo operatório e acompanhar a cirurgia com atenção para entregar os instrumentos na mão do cirurgião, com ou sem solicitação do mesmo. Deve ainda solicitar materiais a serem consumidos durante a cirurgia, inclusive soro e seringas para lavagem da cavidade. Ao receber o material das mãos do cirurgião deve limpar o mesmo, conferindo tudo ao final da cirurgia. Caso necessário também  auxilia na cirurgia.

LAVAGEM  CIRÚRGICA DAS MÃOS
A lavagem das mãos e antebraços e anti-sepsia das mesmas deverá ser realizada antes da paramentação cirúrgica. Este preparo realizado  é um procedimento para limpeza das mãos e antebraços que visa  reduzir o número de bactérias que entram em contato com a ferida cirúrgica,     remoção mecânica da sujeira e gordura  redução da população transitória (bactérias que se originam  do meio ambiente, ) redução da população residente ( bactérias isoladas da pele).
As bactérias das mãos e antebraços são erradicadas mecanicamente pelo uso de escovas e fricção com agentes anti-sépticos. Os microorganismos são afetados pelo tempo empregado na lavagem, pelo tipo de agente utilizado e pela técnica utilizada na lavagem das mãos, e o ideal é que o efeito residual permaneça por 02 a 06 horas.
O tempo ideal de lavagem das mãos e antebraços é de 5 a 7  minutos. Caso haja ferimentos ou qualquer lesão da pele, estes devem ser cobertos por curativos após a lavagem das mãos e antes de colocar as luvas.   A escovação visa remover microrganismos e sujidades de locais de difícil acesso como as unhas. Deve-se restringir a estas, pelo risco de causar lesões de pele que favoreçam a proliferação microbiana, principalmente se as cerdas da escova forem rígidas. Existem produtos comerciais próprios para este uso, compostos por uma escova de cerdas macias e esponja embebida no produto antisséptico. Existem dois métodos para realização da lavagem, o métodos anatômico  por tempo (5 a 7 minutos) e  o método de contagem (número de vezes que cada local é esfregado)

 TÉCNICA PARA ANTISSEPSIA DOS ANTEBRAÇOS, MÃOS E UNHAS

Posicionar-se à frente do lavabo, sem tocá-lo, e acionar a torneira através do pedal;
  1. Umedecer as mãos e antebraços com fluxo desejado de água corrente.
  2. Ensaboamento prévio e abundante de mãos e antebraços com sabão antisséptico. A seguir, escolher um dos métodos
  • Método anatômico: Iniciar a escovação anotando mentalmente a hora do início; ensaboar as unhas e cada lado dos dedos e costas e frente das mãos por dois minutos. Iniciar a lavagem dos antebraços mantendo as mãos em um nível mais elevado que os antebraços; esfregue cada lado dos antebraços até a altura dos cotovelos por umminuto. O tempo total de lavagem é de 5 minutos por mão e antebraço.
  • Método de contagem: esfregue (com a escova de unhas) 30 vezes as unhas. A seguir divida cada dedo em 4 superfícies e esfregue 20 vezes cada uma delas, com a esponja. Esfregue a seguir a palma e o dorso das mãos, 20 vezes cada. Divida os antebraços em 4 planos e esfregue 20 vezes cada um deles.
      3. Enxágue com água corrente, da mão ao cotovelo, não tocando mais em superfícies do lavabo e torneira; o volante coloca álcool a 70o nas mãos e em seguida secar as mãos com compressas estéreis, no sentido  mão cotovelo, utilizando metade da compressa para cada mão e antebraço. Manter as mãos a uma altura superior aos cotovelos e proceder ao manuseio do avental cirúrgico.

COLOCAÇÃO DO AVENTAL CIRÚRGICO
  1. Após o término da secagem das mãos, posicionar-se à frente da bancada contendo o pacote aberto com o avental.
  2. Retire o avental do pacote , afaste-se da mesa e desdobre-o  para identificar a abertura  das mangas.
  3. Coloque as mãos no interior das aberturas e a seguir passe os braços dentro das mangas.
  4. Mantenhas as mãos dentro dos punhos das mangas (para colocação das luvas com a técnica  fechada)
  5. Um assistente deve ajustar o avental nos ombros e amarrar as tiras do pescoço e cintura.
  6. Manter as mãos cobertas pelos punhos do avental; mantendo a abertura do punho firmemente fechada;  com a mão direita sob o avental, pegue a luva com  a mão esquerda  (também sob o pano do avental) e coloque a luva na mão direita, sobre o pano do punho; vire o punho da luva sobre o avental e puxe a manga do avental lentamente até que a luva se encaixe sobre os dedos. Faça o mesmo com a outra luva.  

VEJA ABAIXO A TÉCNICA FECHADA  DE COLOCAÇÃO DE LUVAS




ERROS MAIS COMUNS
Não retirar anéis e relógios, não colocar gorro e máscara antes de realizar lavagem das mãos, após colocação das luvas tocar em pessoas, móveis e objetos não estéreis

PREPARAÇÃO DO PACIENTE
A flora microbiana endógena é uma das fontes mais comuns de infecção da ferida cirúrgica, pois a pele é colonizada por vários tipos de bactérias, tais como Staphylococcus, Escherichia e  Streptococcus. A eliminação da exposição à flora residente é extremamente importante durante a cirurgia, porém é impossível esterilizar a pele. A preparação adequada do paciente reduz bastante a incidência de infecção. Nas cirurgias eletivas é importante a indicação de um banho com sabonete antisséptico previamente à realização da cirurgia.
Nesses e nos demais casos, deve-se realizar a tricotomia ampla da região a ser operada, imediatamente antes da realização da cirurgia. A tricotomia deve ser idealmente realizada com máquina de tosa com lâmina 40, pois quando realizada com lâmina de barbear pode causar inflamação, aumentando o risco de colonização bacteriana. A área de tricotomia deve ainda
permitir incisões adicionais. A área  de tricotomia  deve ser ampla o suficiente caso  a incisão tenha que ser ampliada durante o período trans operatório, permitir a colocação de drenos,    prevenir contaminação se os panos de campo moverem-se durante a cirurgia.

ANTISSEPSIA PRÉVIA NA SALA DE PREPARO - realiza-se a limpeza da região com clorexidina ou PVPI degermante, com o objetivo de retirar gorduras, debris e sujidades, e reduzir  a população bacteriana.

Nos cães machos nos quais será realizada cirurgia abdominal, deve-se realizar ainda a lavagem no interior do prepúcio com os mesmos produtos citados acima.

O animal será  levado para a sala de cirurgia  e então posicionado corretamente na mesa, de acordo com o procedimento cirúrgico que será realizado.

O  auxiliar deve então realizar a antissepsia CIRÚRGICA  da pele. É realizada com gaze estéril e pinça de antissepsia, indo do centro para a periferia da área a ser operada. A gaze, após tocar a periferia da lesão não deve retornar para o centro. Inicia-se a antissepsia com  álcool 70º , duas a três vezes, a seguir utiliza-se o  clorexidina  alcoólica, cinco a seis vezes, terminando a antissepsia com  álcool 70º uma vez para retirar o excesso de clorexidina. Após este procedimento, passar gazes secas até que a pele esteja seca. A seguir realizar a colocação dos panos de campo para isolamento do campo operatório, conforme a região a ser operada. O objetivo da colocação dos panos é manter o campo estéril ao redor da incisão cirúrgica. Os panos de campo esterilizados devem ser colocados de forma padronizada. A delimitação do campo operatório varia conforme a região a ser operada.
Os panos devem ser de material e tamanho adequado para que cubram o paciente e as bordas da mesa. Existem campos descartáveis e campos confeccionados em medidas pré-determinadas, em formato retangular com fenestras (campo fenestrado) ou campos maiores que são colocados pelo cirurgião delimitando a área a ser operada.
Esta delimitação é realizada através da colocação de quatro campos pelo cirurgião, um a um em sentido horário ou anti-horário. Cada pano é desdobrado cuidadosamente sem tocar em nada e deve ser colocado no local exato da pele, não podendo ser posteriormente reposicionado para ajustar a área delimitada, para evitar contaminação. Após desdobrar cada campo, uma faixa de 15 cm deve ser dobrada para cima ou para baixo.
  • A dobra para cima permite a colocação das mãos na aba protegendo as mãos do cirurgião durante a colocação dos panos.
  • A dobra para baixo exige um cuidado maior durante a colocação
Os campos seguintes são colocados em ângulo de 90º em relação ao anterior, e ao final são presos com pinça Backaus
A seguir são colocados panos de campo acessórios ou compressas cirúrgicas, para reduzir a possibilidade de contaminação.

ASSISTA AO VÍDEO ABAIXO DE ANTISSEPSIA E PARAMENTAÇÃO DE TODA A EQUIPE